segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sobre os movimentos político-sociais brasileiros em 2013

 

Vejo todas essas manifestações e uma questão não cala: de onde vem tudo isso? Eu tenho o costume de me perguntar o que acontece em uma realidade onde movimentos sociais ou posicionamentos ideológicos são tomados de forma tão imediata.

Concordo que a mudança é necessária. Sou a favor e acho que não deve se calar a frase VIVA LA REVOLUCIÓN!! Mas a questão é que acho a realidade brasileira muito mais complexa do que é exibido nas redes sociais, por exemplo. Não que eu ache que o Brasil não tem jeito, ou que a mudança seja impossível. Não. Mas só acho que a visão político-ideológica desses movimentos brasileiros são demasiadamente superficiais.

Muitos grupos de movimento (pois isso é o que vemos. Vários grupos meio perdidos no meio) estão aproveitando o momento em que a voz é dada e defendendo a causa. Acho super justo. Porém, pensemos em um objeto pesado no qual são presas várias cordas. Pensemos agora que cada corda é segurada por um grupo por lados distintos. Pensemos que eles estão em círculo, e que o objeto pesado está no meio. Cada grupo tenta puxar para si o objeto com a corda. Ora, há muito movimento, muita força, mas não seria melhor e mais útil que todos levassem a um só caminho? Para mim, esse é o contexto brasileiro. O objeto pesado é o Estado. Todos vão às ruas buscando direitos, alertando mas... apesar das lideranças, nem todos veem a profundidade das questões.

Outro questionamento é: de onde vem o discurso? É importantíssimo que o locus (isto é, o local de origem) das lideranças seja analisado. Seres pensantes e líderes são válidos e mais que necessários. Não é errado que os levantes sejam organizados e conduzidos por uma parcela da população que pode ser mais abastada. Mas é preciso lembrar que já passamos por movimentos parecidos. Durante o impeachment, por exemplo, houve injustiça, mas o movimento só foi incentivado pelas mídias de massa, porque convinha a eles tal evento. Os donos de empresas, ou seja, a burguesia brasileira, também foi prejudicada. Então o que pergunto é: porque esses que hoje lideram assim o fazem? Não vejo no Brasil ações políticas que sejam por pura filantropia. Isso não acontece nem com a abolição da escravatura, ou com o incentivo à industrialização brasileira, ou nem mesmo o auxílio miséria (dos 70 reais por mês), que foi exigido pela ONU. O que há por trás disso?

Eu posso não saber as respostas, mas como dizia um comercial do canal televisivo Futura: "O que move o mundo não são as respostas, são as perguntas". E deixo, pois as minhas: para onde estamos indo? Contra quem, ou o que, lutamos? Um partido? Uma ideologia? O Estado ou as leis? Uma pessoa? Temos consciência do que dizemos? Não façamos das questões ideológicas, algo simplista. A persuasão não vem só da TV. O amontoado de informações que temos na rede social não pode fechar o nosso olhar, restringindo-o a uma realidade.

Antes que se torne dúvida, não estou em lado algum. Pelo menos não agora. Mas acho necessário observar essa realidade para descobrirmos o que de fato acontece ao nosso redor.


Alessandra Carvalho (17-06-2013)



P.S.: Se você não entendeu as críticas feitas nesse texto, ajudaria, acredito eu, assistir aos vídeos das vaias à presidenta Dilma, a crítica de Arnaldo Jabor, e o vídeo da anonnymous postado em resposta a ele.

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