Quem é inibido sabe muito bem o quanto é
difícil viver num mundo de desinibidos, pois lutam para viver por
igual, mas insistem em acreditar que não são tão importantes assim.
Acusam-se, dia e noite, policiam as palavras e temem decepcionar as
pessoas ao seu redor. A timidez os faz “heróis de mentirinha”. Querem
agradar a todos, mas vivem se decepcionando. São bondosos com a
humanidade, mas injustos com seu mundo interior.
O tímido acha que todos estão
reparando nele, por isso tem medo de se mostrar. Escondido na sua
timidez, evita os relacionamentos, pois teme a decepção. Ainda não
compreendeu que só mesmo a espontaneidade é capaz de quebrar o gelo do
individualismo e nos tornar mais felizes. A timidez é tão
traiçoeira que atinge até mesmo pessoas dotadas de uma inteligência
ímpar. Sei de tímidos sábios para assuntos acadêmicos, mas analfabetos
para os relacionamentos. Sabem lidar com os livros, mas são engessados
diante das pessoas.
Ninguém pode se conformar com sua
timidez e se condenar a morrer assim. Sei, por experiência própria, o
quanto deixamos de viver e aproveitar a vida por culpa da inibição, do
excesso de policiamento. Vivemos num mundo de imperfeitos e, por isso
mesmo, deveríamos nos permitir mostrar aos outros exatamente aquilo que
somos, pois sem isso estamos vivendo numa redoma de solidão. Ninguém
merece viver assim.
É possível, sim, deixar de lado a
timidez e viver em plenitude. Muitas vezes, faz-se necessário um
tratamento psicológico e/ou filosófico, mas dependerá muito do tímido
querer e lutar para abandonar o vício medonho da vergonha. As pessoas ao
nosso redor são importantíssimas para a cura. Amizades verdadeiras
abrem as portas do nosso coração e nos permitem ver a vida com mais
suavidade, exatamente da maneira como os desinibidos conseguem
enxergá-la.
Paulo Franklin (Destrave)
Nenhum comentário:
Postar um comentário